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Domingo, 09 de Fevereiro de 2025
Testagem é fundamental na gravidez para evitar a infecção do bebê por doença congênita

Saúde

Testagem é fundamental na gravidez para evitar a infecção do bebê por doença congênita

Silenciosa ou não, a infecção sexualmente transmissível é ponto de alerta durante o pré-natal

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Aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e mesmo a morte do bebê ao nascer. Estas podem ser as consequências de uma sífilis congênita, transmitida para a criança durante a gestação ou parto. A sífilis congênita, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida da criança.

O terceiro sábado do mês de outubro foi instituído como Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita que, em 2024,ocorreu no dia 19/10. Neste cenário, a campanha “Outubro Verde” busca reforçar a mobilização para a testagem, diagnóstico e tratamento da sífilis.

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), na área da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia, de 2021 a 2023, houve um aumento de 49,51% nas investigações de sífilis congênita, enquanto para a sífilis em gestante o aumento foi de 33%. Este aumento da testagem é uma das metas do Plano de Enfrentamento à Sífilis do Estado de Minas Gerais, iniciado em 2019, que mobiliza as famílias a realizarem exames durante o pré-natal e, em caso de positivo para a doença, iniciarem o tratamento imediatamente. 

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Jéssica Cristina da Silva, referência técnica em sífilis da SRS Uberlândia, afirma que, segundo dados preliminares de 2024, este aumento da testagem deve ser constante nos próximos anos, seguindo a série histórica. “Realizamos treinamentos com as referências técnicas municipais para orientar quanto à realização dos exames e mantemos o estoque de testes rápidos em todos os 18 municípios para garantir a efetividade do Plano Estadual de Enfrentamento à Sífilis”, disse a referência técnica regional.

Um dos públicos que mais preocupa as autoridades de saúde é a gestante, que deve ser testada pelo menos em três momentos: primeiro trimestre de gestação; terceiro trimestre de gestação; e no momento do parto ou em caso de aborto. A mulher deve realizar o exame no pré-natal e, caso seja confirmado o diagnóstico de sífilis, iniciar o tratamento de acordo com a orientação do médico.

Silva falou sobre a testagem e tratamento no pré-natal. “O acolhimento das gestantes ocorre nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e, caso haja diagnóstico positivo para a sífilis, o tratamento é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Realizar os exames e fazer um pré-natal adequado reduz os riscos para as mulheres grávidas e os bebês”, esclareceu a referência.

Acolhimento e cuidado humanizado

Em Indianópolis, no Triângulo Mineiro, o atendimento às gestantes e seus parceiros acontece nas UBSs e há testagem não apenas para a sífilis, como para outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): hepatites virais e HIV/Aids.

Silvace Dias de Ávila, coordenador municipal da Vigilância Epidemiológica, explica como ocorre este acolhimento. “As gestantes passam por uma triagem com orientação e testagem. Elas são acolhidas também no grupo de gestantes, com reuniões de orientação sobre o período de gestação. Quando há casos com resultado positivo para sífilis, a enfermeira marca a consulta com o médico que realiza um acolhimento da gestante e do parceiro para orientar, tratar e acompanhar. Em seguida, realizamos consultas psicológicas para um acolhimento humanizado e mais orientações”, detalhou o coordenador.

Ávila destacou que há o acompanhamento conjunto entre a maternidade e a Unidade Básica de Saúde. “A maternidade de referência faz a testagem no recém nascido e, quando há manifestação de sífilis congênita, o tratamento é iniciado na maternidade de referência e o município acompanha o desenvolvimento da criança”.

Sífilis em gestante e congênita na região

Em 2023, nos 18 municípios que fazem parte da SRS Uberlândia, foram notificados 309 casos de sífilis em gestante e, até o momento, em 2024, houve 183 notificações. Quanto à sífilis congênita, em 2023, 154 crianças estavam em monitoramento e, até o momento, em 2024, são 68 crianças monitoradas.

Dúvidas frequentes

Como se prevenir: a principal forma de prevenção da sífilis é o uso do preservativo em todas as relações sexuais, seja ele masculino ou feminino.

Sintomas: às vezes são discretos, mas tem as fases (primária, secundária, latente e terciária). Se não tratada a tempo, a sífilis pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular e órgãos como olhos, pele e ossos.

Diagnóstico

Pode ser realizado na Unidade Básica de Saúde, por meio do teste rápido, com a coleta de uma gota de sangue na ponta do dedo. Caso o resultado seja reagente, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para a realização de um teste laboratorial para a conclusão do diagnóstico.

Já o tratamento é disponibilizado pelo SUS, sendo a benzilpenicilina benzatina o medicamento de escolha e a única droga com eficácia durante a gestação. Para prevenção da sífilis congênita, tanto as gestantes quanto seus parceiros devem fazer os exames de diagnóstico. Em caso de resultado positivo para a gestante, é fundamental que o parceiro também procure o serviço de saúde e passe pelo tratamento. Dessa forma, a reinfecção por sífilis é evitada e a saúde da mãe e do bebê ficam garantidas.

A sífilis é uma infecção curável, mas pegar uma vez não confere imunidade. 

FONTE/CRÉDITOS: Agência Minas
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Lilian Cunha
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